Clinica de reabilitação de dependente químico

1ª fase : Acolhimento, Triagem, Avaliações e Desintoxicação:

 

Quando o dependente químico chega para a internação, normalmente ele se encontra em momento delicado de sua vida, com dificuldades agravadas pelos sintomas da dependência química ou da abstinência. Por estas razões, ele necessita de um acolhimento diferenciado, humanizado e profissional, realizado por profissionais capacitados e experientes que atendam esta problemática.

 

Nesta fase o objetivo é dar este acolhimento, conhecer e orientar o residente sobre a sua doença, sobre o tratamento que irá realizar e sobre o Regulamento Interno, para facilitar sua adaptação à rotina do Centro Terapêutico.

 

É nesta fase também que acontecem as avaliações diversas (clínica, psiquiátrica, psicológica, nutricional, social, familiar) pela equipe multiprofissional, através de testes padronizados e validados pelo meio científico.

 

As manifestações físicas da dependência química podem ser notadas pelos sintomas físicos que alteram o metabolismo durante o uso da droga (intoxicação) ou na interrupção do uso da mesma ( abstinência) e variam conforme a droga. Os mais comuns são: taquicardia, aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas, falta de ar, problemas pulmonares, tosse constante, problemas digestivos, falta ou excesso de sono, falta ou excesso de apetite, impotência sexual, dores em diversas partes do corpo, cansaço físico, etc. Desta forma é necessário que ocorra, primeiramente, a desintoxicação, que normalmente acontece no primeiro mês após cessar o uso da substância psicoativa. Caso o residente apresente complicações clínicas de risco, será encaminhado à rede de saúde pública e retornará ao Centro Terapêutico após resolução do quadro.

 

A primeira fase dura aproximadamente dois meses e espera-se que o residente, ao final dela, tenha sua saúde física restabelecida.

 

2ª fase: Conscientização, Auto aceitação e Autoconhecimento:

 

A dependência química provoca profundas alterações na estrutura psicológica do indivíduo, prejudicando as habilidades cognitivas (inteligência) envolvidas principalmente com a função de planejamento, tomada de decisões, atenção, concentração e controle de impulsos. Também podem ocorrer danos ligados à memória, transtornos de personalidade, quadros depressivos, quadro ansiosos, instabilidade do humor, ideias, paranoides ou mesmo quadros psicóticos com delírios e alucinações. Os sintomas psíquicos, da mesma forma que os sintomas físicos, podem ser notados durante o uso da droga (intoxicação) ou na interrupção do uso da mesma (abstinência) e variam conforme a droga.

 

Desta forma, a segunda fase refere-se à reabilitação psicológica do dependente químico. O objetivo principal desta fase é promover a conscientização do dependente químico sobre todos os aspectos psicológicos relacionados à sua doença através de atividades individuais e de grupos expressivos que promovam o alívio e controle dos sintomas psicológicos (depressão, ansiedade, alterações de humor etc) e que permitam o resgate da autonomia e autoestima. Nesta fase também serão utilizadas técnicas e abordagens que promovam a manutenção da motivação do residente para concluir seu tratamento, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Prevenção de Recaídas, Entrevista Motivacional e Empowerment.

 

A Terapia Cognitivo-Comportamental tem foco na mudança de crenças e pensamentos “disfuncionais” ou mal-adaptativos a respeito do uso de substâncias psicoativas em detrimento dos pensamentos e crenças de maior funcionalidade. Através de técnicas psicoterapêuticas adequadas, procura-se corrigir essas distorções cognitivas que o usuário tem em relação à droga. A abordagem básica da TCC pode ser resumida em “reconhecer, evitar e criar habilidades para enfrentar” as situações que favorecem o uso de drogas, através de técnicas motivacionais.

 

A Entrevista Motivacional é utilizada conjuntamente com as sessões da TCC e preocupa-se, principalmente, em motivar o sujeito para um processo de mudança, bem como mantê-lo engajado nesse processo.

 

A Prevenção de Recaídas tem a finalidade de identificar as armadilhas (mentais ou situacionais) que levam o sujeito a uma recaída e, ainda, fornecer subsídios e ferramentas que o auxiliem caso ocorra um retorno ao uso. Esta técnica incorpora os aspectos cognitivo-comportamentais e objetiva treinar as habilidades/estratégias de enfrentamento de situações de risco, além de promover amplas modificações no estilo de vida do indivíduo.

 

O Empowerment é uma abordagem motivacional que tem como base a delegação de poderes de decisão, autonomia e participação dos indivíduos nos trabalhos a serem desenvolvidos no Centro Terapêutico, com o intuito de desenvolver a autonomia, a responsabilidade e a habilidades para resolver problemas e conflitos. Serão avaliadas, com esta técnica, algumas características dos indivíduos, como tolerância, confiança, segurança, organização, motivação e liderança.

 

Esta fase dura aproximadamente três meses e espera-se que o residente, ao final dela, tenha sua saúde psicológica restabelecida.

 

3ª Fase: Treinamento de Habilidades Sociais, Reinserção Social e Fortalecimento de Vínculos:

 

Sabe-se que a dependência química causa enormes prejuízos sociais e financeiros , não só para os dependentes, mas também para seus familiares e para a sociedade como um todo. Entre estes prejuízos, destacam-se: violências, rompimento dos vínculos familiares, abandono escolar, abandono do trabalho, dificuldades financeiras, dívidas, problemas com a justiça, dificuldades de relacionamento, rejeição, preconceito dos outros, solidão, entre outros.

 

Além dos prejuízos sociais causados, sabe-se que a dependência química é uma doença que atinge toda família. As consequências do comportamento do dependente químico tem uma incidência sobre todos aqueles que o rodeiam e a família se torna co-dependente do problema. O convívio com o dependente faz com que os familiares também adoeçam psicologicamente, sendo necessário que o familiar também se trate, e, ao mesmo tempo, receba orientações adequadas a respeito de como lidar com o dependente e de como lidar com seus próprios sentimentos em relação ao dependente.

 

A partir do momento em que o residente apresenta sua saúde física e psicológica restabelecidas, ele entra na terceira fase, que se estende até o fim do tratamento e que tem como objetivo prepará-lo, gradativamente, para o retorno à sociedade e ao convívio familiar (reinserção social) através de técnicas adequadas como o Treinamento de Habilidades Sociais, Fortalecimento de Vínculos Familiares e exposição crescente com o mundo exterior através das saídas de ressocialização gradativas. O objetivo da reinserção social é a prática de tudo aquilo que está sendo aprendido através da convivência no Centro Terapêutico, relacionada às situações de risco, redes de suporte, enfrentamento de conflitos, resgate dos vínculos familiares, entre outros.

 

O Treino de Habilidades Sociais é uma técnica que consiste em compreender as dificuldades sociais dos dependentes a fim de propor estratégias e intervenções baseadas na análise (funcional) do comportamento. Por meio do acesso à história de vida da pessoa pouco habilidosa socialmente, busca-se o entendimento dos porquês dela ter baixo repertório nas áreas da vida que estão afetadas. Essa história, com frequência, envolve poucos modelos de comportamentos socialmente habilidosos, falta de aprendizagem/modelagem do comportamento habilidoso socialmente e /ou punição de comportamentos emitidos no contexto social.

 

Sendo assim, a técnica objetiva ajudar o dependente a modificar os comportamentos sociais inadequados e ajudá-lo a desenvolver estratégias para que aumentem em frequência os comportamentos sociais adequados e apreendidos durante todo o processo de tratamento. Associado com a técnica do Empowerment, o Treino de Habilidades Sociais permite que o indivíduo desenvolva a habilidade de se auto gerenciar em todas as áreas de sua vida e alcançar os papéis sociais desejados, sempre respeitando os direitos e deveres que lhes são impostos.

 

O Fortalecimento de Vínculos Familiares visa desenvolver estratégias para estimular e potencializar as mesmas no processo de recuperação, tanto pela família quanto pelo dependente químico ocorre no momento da convivência familiar, durante a reinserção social do residente. Para tanto, a família deve estar orientada em como acolher, em como lidar com o dependente e com seus próprios sentimentos em relação ao dependente, independente de suas crenças e valores.

 

Para tanto é extremamente importante que a família compareça às Reuniões Familiares do Centro Terapêutico nos dias da visita, onde serão dadas orientações básicas sobre como a família deve agir frente à problemática da dependência. Também é imprescindível que a família frequente um grupo de ajuda mútua como o Naranon ou Amor Exigente, afim de ampliar os conceitos relacionados à dependência química e desenvolver sentimentos mais seguros relacionados aos dependentes, para que assim os vínculos familiares sejam reconstruídos ou fortalecidos.

Esta fase dura aproximadamente três meses e espera-se que o residente, ao final dela, esteja preparado para a sua reinserção social.

 

4ª fase: Construção do Projeto de Vida:

 

Ao longo de sua internação, o residente será orientado e motivado pela equipe multiprofissional a elaborar um Projeto de Vida Individual, com objetivos e metas a serem cumpridos. Assim, quando retomar ao convívio social, depois de ter alcançado a sua reabilitação plena (física, psicológica, social e espiritual) ter seu estilo de vida modificado.

 

Este projeto será monitorado e conduzido por profissionais especializados contendo estratégias para a execução dos objetivos propostos. Trata-se da finalização do Programa de Tratamento.

 

Nesta quarta fase do tratamento tendo a duração de aproximadamente 1 mês (último mês de internação), espera-se que o residente tenha alcançado sua reabilitação plena e esteja pronto para viver bem sem necessitar recorrer às drogas.

 

5ª fase: Pós-Tratamento:

A fase de acompanhamento do ex-residente e de sua família pós-alta terapêutica é considerada uma das etapas mais importantes do tratamento. Trata-se de uma fase onde o residente já está reinserido na sociedade e pode contar com o apoio e suporte da equipe multiprofissional do Grupo Confiança , caso tenha alguma necessidade.

 

Atualizado em 26/01/2021.

 

MET é outra terapia comportamental e ajuda as pessoas a resolver suas hesitações em obter tratamento e abandonar as drogas. O objetivo é despertar uma mudança motivada nas pessoas, em vez de guiá-las em cada etapa da recuperação. MET é uma abordagem rápida que dura apenas duas a quatro sessões. É eficaz para pessoas viciadas em álcool e maconha.